Cidadania

Curso sobre atuação com perspectiva de gênero ressalta necessidade de mudanças estruturais no sistema de Justiça

O sistema de Justiça precisa de novas práticas e linguagens que reorganizem suas estruturas para combater práticas discriminatórias e violações de direitos, especialmente contra mulheres e minorias. Esta foi a premissa da palestra de abertura do curso de capacitação “Atuação com perspectiva de gênero”, proferida pela ministra presidente do Supremo Tribunal Militar (STM), Maria Elisabeth Guimarães Teixeira Rocha nesta segunda-feira, 9 de junho, no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

A capacitação foi oferecida pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), com apoio da Coordenadoria Estadual do Tribunal do Júri (Cojur), do Centro Estadual de Apoio às Vítimas (Casa Lílian) e do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Combate à Violência Doméstica (CAO-VD).

Na palestra com o tema “Igualdade de gênero na atualidade”, a ministra Teixeira Rocha questionou a sensação de neutralidade do sistema de Justiça e conclamou as instituições a adotarem protocolos inclusivos e antidiscriminatórios. “A neutralidade institucional frequentemente legitima indignidades; é preciso revisitar narrativas e práticas que perpetuam exclusões no sistema de justiça”, discursou.

Natural de Belo Horizonte e primeira mulher a presidir o STM, Teixeira Rocha defendeu a relevância da perspectiva de gênero na atuação dos operadores do Direito. Dentre as ferramentas disponíveis, a magistrada citou o Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O documento, formalizado por resolução em 2023, traz um conjunto de diretrizes obrigatórias para orientar juízes na condução de processos, evitando estereótipos, preconceitos e discriminações de gênero.

Mesa de abertura

Na mesa inaugural do curso, o coordenador do Ceaf, Leonardo Barreto Moreira Alves, lembrou a triste escalada dos índices de violência contra a mulher no Brasil. “Para citar um dado preocupante, segundo o CNJ, em algumas regiões do Brasil, o número de crimes contra a mulher — especialmente os decorrentes de violência doméstica e familiar, culminando em feminicídio — já ultrapassa o número de crimes contra o patrimônio e relacionados a entorpecentes. Isso exige um novo olhar do Estado para combater com consciência essa triste realidade”, discursou o promotor de Justiça.

Moreira Alves lembrou, entretanto, a queda de 24%, apurada pelo MPMG, nos crimes contra mulheres em Minas Gerais, com destaque para a redução do número de feminicídios. “Isso mostra que é possível reverter essa realidade, desde que haja atuação conjunta e união de esforços entre todos os órgãos públicos envolvidos na proteção da mulher — Executivo, Legislativo, Judiciário — além da sociedade civil”, alertou.

O procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Paulo de Tarso Morais Filho, cobrou mudanças concretas na atuação das instituições do Direito. “Este é um chamado à consciência. Um apelo à construção de uma cultura jurídica que liberte, que reconheça e celebre os direitos de todas as mulheres. Um convite para que cada membro atue com um olhar atento e sensível, evitando a reprodução de preconceitos e estereótipos, e assim pavimentar o caminho para uma igualdade verdadeira e substantiva”, defendeu.

Programação

O curso segue durante esta segunda e terça-feira. As atividades incluem palestras de Ivana Farina Navarrete Pena, procuradora de justiça do Ministério Público de Goiás (MPGO); Cleber Masson, promotor de justiça do Ministério Público de São Paulo (MPSP); Karoline Bezerra Maia, promotora de justiça do Ministério Público do Pará (MPPA); Teresa Cristina Cabral Santana, juíza de direito do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP); e Ana Lara Camargo de Castro, procuradora de justiça do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS).

Confira abaixo a íntegra da transmissão do curso pela TV MP.

Confirma imagens do evento:

Ana Paula Oliveira

Jornalista formada em Brasília tendo a Capital Federal como principal cenário de atuação nos segmentos de revista, internet, jornalismo impresso e assessoria de imprensa. Infraero, Engenho Comunicação, Portal Fato Online e Câmara em Pauta, Revista BNC, Assessoria de Comunicação do Sesc-DF, Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Rádio Nacional da Amazônia e Jornal GuaráHOJE/Cidades são algumas das empresas nas quais teve a oportunidade de trabalhar com alguns dos renomados nomes do jornalismo no Brasil, e não perdeu nenhuma chance de aprender com esses profissionais. Na televisão, atuou na TV local de Patos de Minas em 2017, além de experiências acadêmicas. Ana Paula Oliveira nasceu em Bonfinópolis de Minas e foi morar em Brasília aos 14 anos e retorna à cidade natal em 2018. Durante os 20 anos em que passou na capital, a bonfinopolitana não desperdiçou as chances de crescer como pessoa e também como profissional, com garra e determinação. Além disso, conquistou algo não menos fundamental na sua caminhada: amigos. Isso mesmo. Para a jornalista não ter verdadeiros amigos significa ter uma vida vazia. E, com certeza, esse é um dos seus objetivos, fazer novos amigos nessa nova jornada da vida.

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