Tragédia em Arapoanga suscita comoção e debate fundiário na CLDF

Por Daniela Reis

Com a voz entrecortada, o deputado Pepa (PP) foi à tribuna na sessão ordinária desta quarta-feira (14) da Câmara Legislativa. O parlamentar representou a consternação de todos os distritais com o incêndio ocorrido segunda-feira (12) na região administrativa de Arapoanga. A tragédia em área de ocupação irregular vitimou cinco pesoas de uma mesma família e trouxe à tona temáticas distritais correlatas, como a questão fundiária e o Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT).

“Tem sido feito um trabalho em todo o DF para regularização de áreas, mas infelizmente nos deparamos com a notícia da perda de cinco mulheres”, lamentou Pepa, que pleiteou avanço na regularização de assentamentos. Ele esteve em contato direto com a família que sofreu a tragédia e sublinhou que não deseja para ninguém a dor que testemunhou nesses momentos.

“Uma tragédia que mostra a precarização da vida humana no DF”, definiu o parlamentar Fábio Felix (Psol). “Temos uma ocupação de pessoas em situação de extrema vulnerabilidade, que não estão muitos deles incluídos na política de assistência social e na política de moradia. E é preciso que o poder público dê uma resposta urgente para que isso não aconteça mais. A gente agora tem o dever como Câmara Legislativa, independente da posição política, de cobrar uma resposta dura das investigações em relação ao caso, e de cobrar do governo que aquelas famílias tenham encaminhamento concreto às políticas habitacional e de assistência social”, ponderou.

Deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania) – Foto: Carolina Curi/Agência CLDF

Repercutindo o assunto, a distrital Paula Belmonte (Cidadania) clamou pela discussão do direito à moradia. “Essa situação é recorrente no DF: muitas pessoas ainda não têm a dignidade de seu lote e de uma casa. Estamos falando de moradias feitas de tapumes, plásticos e papelão”, constatou. Ela reivindicou que a organização da questão fundiária precisa ser prioridade no DF, seja em áreas urbanas ou no campo. “Em regiões agrícolas de Planaltina, Paranoá e Brazlândia, temos várias áreas com famílias de pequenos agricultores produzindo sem ter a escritura da sua propriedade”, observou.

Plano Diretor de Ordenamento Territorial

Belmonte encerrou o discurso enfatizando que a Câmara Legislativa pode contribuir para discutir moradia e ocupação do solo quando se debruçar sobre a revisão do PDOT. Trata-se do instrumento básico da política territorial do DF e de orientação aos agentes públicos e privados que atuam na produção e gestão das localidades urbanas, de expansão urbana e rural do território. Há necessidade de revisar o plano a cada 10 anos e o atual remonta a 2009. A última revisão foi interrompida durante a pandemia: agora, a Câmara aguarda que o GDF encaminhe o documento para o Legislativo. Pasta responsável pelo PDOT, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) disponibiliza um site focado no plano para consulta do cidadão.

Tragédia em Arapoanga

O incêndio em Arapoanga vitimou a dona da casa Ione da Conceição, de 47 anos, e sua filha Eulália Narim da Conceição Pereira, de cinco anos. Também faleceram três netas de Ione, que eram sobrinhas de Eulália: Sophya Hellena Conceição Costa, 8, Marybella Marinho da Silva, 9, e Kethleen Vitoria da Conceição Silva, 14.

Ontem, diversas agendas da Casa — inclusive a sessão ordinária — foram canceladas devido à calamidade. O presidente da CLDF Wellington Luiz declarou que o acontecimento causou grande comoção na Casa.

Ana Paula Oliveira

Jornalista formada em Brasília tendo a Capital Federal como principal cenário de atuação nos segmentos de revista, internet, jornalismo impresso e assessoria de imprensa. Infraero, Engenho Comunicação, Portal Fato Online e Câmara em Pauta, Revista BNC, Assessoria de Comunicação do Sesc-DF, Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Rádio Nacional da Amazônia e Jornal GuaráHOJE/Cidades são algumas das empresas nas quais teve a oportunidade de trabalhar com alguns dos renomados nomes do jornalismo no Brasil, e não perdeu nenhuma chance de aprender com esses profissionais. Na televisão, atuou na TV local de Patos de Minas em 2017, além de experiências acadêmicas. Ana Paula Oliveira nasceu em Bonfinópolis de Minas e foi morar em Brasília aos 14 anos e retorna à cidade natal em 2018. Durante os 20 anos em que passou na capital, a bonfinopolitana não desperdiçou as chances de crescer como pessoa e também como profissional, com garra e determinação. Além disso, conquistou algo não menos fundamental na sua caminhada: amigos. Isso mesmo. Para a jornalista não ter verdadeiros amigos significa ter uma vida vazia. E, com certeza, esse é um dos seus objetivos, fazer novos amigos nessa nova jornada da vida.

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