O Dia Mundial do Meio Ambiente foi lembrado, nessa quarta-feira (5) e Bonfinópolis de Minas tem razões para comemorar. Um trabalho que começou no início do ano já apresenta avanços na recuperação e revitalização do Ribeirão das Almas, que abastece oito comunidades ribeirinhas do município e algumas cidades vizinhas. Na última quinta-feira (30), um grupo de produtores rurais participou do encontro que marcou o início da segunda etapa do projeto de criação de propriedades modelo de conservação ambiental.
Durante a reunião na propriedade do sr. Balbino Vieira e dona Maria das Dores Melgaço, na Região do Bastardo, à margem do Córrego Arrozal, foi apresentado o levantamento feito nos 42 hectares da fazenda localizada no chamado Baixo Almas. Em fevereiro deste ano, a propriedade do sr. João Mutengo foi a escolhida pela comunidade para ser uma espécie de unidade de referência na região do Caldeirão. O objetivo das propriedades modelo é servir como apoio para que outros produtores rurais possam implementar as medidas de conservação.
O modelo consiste na construção de terraceamento, de barraginhas (Têm a função de captar água de enxurradas, controlando a erosão e guardando a água no subsolo), cercamento de nascentes, marcação de curva de nível, entre outras medidas de contenção de água e de preservação do meio ambiente como um todo. Na propriedade do Caldeirão, foi cercada boa parte das nascentes, 15 barraginhas foram construídas, além de bacias de contenção da água da chuva. Pneus servem como barreiras para frear o processo de erosão.
De acordo com o planejamento, na fazenda do sr. Balbino devem ser construídas 20 barraginhas de contenção e 400 metros de cercamento. A despesa prevista é de aproximadamente R$ 18 mil, o valor será custeado pela Prefeitura, que também disponibiliza operadores e o maquinário necessários para as intervenções, além de arcar com os custos de todo o mapeamento e diagnóstico das fazendas às margens do rio.
Desde o início das ações, a metodologia Mineira, denominada ZAP (Zoneamento Ambiental Produtivo) norteou as equipes técnicas, depois foram criados o NOES (Núcleo de Observadores e Empreendedores da Sustentabilidade) e, por último, o GTDS (Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento Econômico Sustentável), composto por técnicos da Emater, Senar, Sebrae Minas, Irriganor (Associação dos Produtores Rurais e Irrigantes do Noroeste de Minas Gerais), AVRU (Agência Vale do Urucuia), IEF (Instituto Estadual de Florestas) e Prefeitura Municipal. O esforço concentrado é para proteger os recursos hídricos do Almas, Santo André, Santa Cruz e seus afluentes.
Além das intervenções ambientais, o GTDS busca atender as necessidades e desenvolver a potencialidade econômica de cada fazenda, como produção de leite, piscicultura e outras formas de geração de renda. “A gente tem voltado tanto para a questão econômica, como social, como ambiental. Queremos envolver essas três vertentes, porque sem a renda, o produtor não vai ter condições de manter a preservação do meio ambiente. quanto menos renda, mais degradação ambiental”, explicou, Orismar Alves Rocha, técnico da Emater.
O membro da Emater no GTDS vai além. Na visão dele, o projeto pode ter um alcance ainda maior. “No fim de todo esse trabalho, nós estamos querendo culminar na elaboração de um projeto para apresentação junto à Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) para mostrar que deu certo e para conseguir mais recursos. Isso pode melhorar a qualidade de vida das famílias. Poder ter uma casa melhor, ter uma renda melhor, um carro melhor”, disse.
Luiz Araújo, que mediou a reunião, lembrou do principal tema discutido no Seminário de Recursos Hídricos, realizado em março deste ano, em Bonfinópolis de Minas. A criação do Programa Produtor de Águas no município. “É um grande desafio, mas é possível fazer. Mas, para isso nós precisamos dar alguns passos. Primeiramente é isso: criar um programa municipal de mutirões da cidadania e governança ambiental. Um mutirão da construção do pensamento, de novas tecnologias sociais acessíveis, que possam agregar na propriedade, com o objetivo de promover a revitalização e a gestão integrada das bacias hidrográficas de Bonfinópolis”, ressaltou.
Quem também se mostrou otimista em relação à produção com sustentabilidade ambiental foi o Coordenador de Conservação e Recuperação de Ecossistemas do IEF, José de Paula Martins ao mencionar o Programa Bolsa Verde como exemplo. “O produtor recebe R$200 por hectare preservado, nós temos produtor em Unaí (MG) que recebe R$ 50 mil por ano. Quem sabe no dia de amanhã vocês possam estar se cadastrando nesse programa para serem beneficiados financeiramente e economicamente?”, perguntou.
A bióloga da Irriganor, Juliana de Oliveira fez questão de contar um pouco da história da Associação, criada em 2012 e explicou a abrangência da instituição. “As vezes quando falamos em associação de produtores rurais têm pessoas que têm ideia de ser só irrigante que pode fazer parte da Irriganor e a sensação de que é só um produtor rural grande, mas não. Quero deixar claro que são todos os produtores rurais do pequeno, médio, grande ou muito grande, irrigante ou não”, afirmou.
Segundo contou a bióloga, a Irriganor despontou durante a crise hídrica no Ribeirão Almas, em 2017. Atualmente, a associação tem 378 associados com representatividade em 14 municípios. “Inicialmente era para atuarmos somente no noroeste de Minas, mas hoje nós temos 12 municípios que é do noroeste e dois no norte. Nós queremos atender todo o estado de Minas”, declarou.
Também participaram da conversa, a presidente da Central das Associações, Rita Fonseca e a vice-presidente da AVRU, Adriana de Oliveira Rocha.
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