A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) participou, na tarde desta quarta-feira (15/3), de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), solicitada pela Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Casa, para discutir a situação da influenza aviária A (H5N1) no Brasil e no mundo. O momento é de alerta, emitido pela Organização Pan-Americana de Saúde, devido à detecção de surtos em países como Colômbia, Venezuela, Equador, Peru e Chile, e a recentes casos de infecção humana no Camboja, nação do Sudeste Asiático.
Durante a reunião, o superintendente de Inovação e Economia Agropecuária da Seapa, Feliciano Nogueira de Oliveira, apresentou as ações de defesa sanitária executadas pelo Sistema Agricultura para prevenção à doença nas granjas de Minas Gerais. O representante da pasta ressaltou a importância da atividade econômica no estado, que tem o 5º maior plantel de galináceos do país, com 119,4 milhões de aves, conforme dados da Pesquisa Pecuária Municipal, do IBGE, de 2021.
As medidas vêm sendo tomadas desde novembro de 2022, após o comunicado do Ministério da Agricultura sobre o risco de introdução do vírus no país, com a definição de estratégias conjuntas com a iniciativa privada, por meio da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig) e, mais tarde, com o Ibama e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semad), para controle e monitoramento das rotas migratórias de aves selvagens.
Também desde o fim de 2022, extensionistas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), com reconhecida capilaridade no estado, têm sido capacitados no assunto e oferecido assistência técnica aos pequenos produtores rurais com relação à prevenção do contágio. E no início de março, durante o Encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), no Rio de Janeiro, a Seapa participou da proposição de ações integradas entre os estados.
“Estamos dando continuidade a toda essa mobilização necessária, por parte de nós, como órgãos de Estado, ao lado da iniciativa privada, voltada para o setor da agropecuária, no sentido de somar forças. A determinação, portanto, do Governo Estadual é esta: agregar esforços e competências para a prevenção de influenza aviária, de alta patogenicidade, em Minas Gerais”, afirmou Feliciano.
Vigilância
O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), vinculado à Secretaria de Agricultura, elaborou um plano de contingência para a gripe se exames realizados com aves no estado resultarem positivos, bem como de ações de prevenção. A presença desse tipo de vírus nunca foi registrada em território brasileiro, por isso é considerada exótica. Nesta semana, uma portaria do IMA suspendeu por 90 dias a participação de aves e suínos em eventos agropecuários, como feiras e exposições.
O diretor técnico do IMA, Guilherme Costa Negro Dias, destaca que a notificação de casos suspeitos da doença é obrigatória a todo cidadão. “O mais importante, hoje, é a sensibilização do produtor e da sociedade para, ao perceberem a ocorrência de uma suspeita ou alta mortalidade em seu plantel, comunicarem o serviço veterinário oficial de forma imediata, para que sejam tomadas medidas como visita à propriedade, coleta de material e envio a laboratório”, explicou.
É responsabilidade do IMA a execução da vigilância ativa – ou seja, de rotina – e passiva, em decorrência a notificações. Em 2022, o Instituto realizou mais de 1,5 mil ações de vigilância ativa em Minas. Já o atendimento a notificações, com diversas motivações, chegou a 447, com dois casos considerados de possíveis doenças.
São ainda competência da instituição: fiscalizações de trânsito de animais, vigilância nos estabelecimentos de abate, estudos soroepidemiológicos para comprovação aos mercados importadores de que não há circulação viral em Minas e no Brasil (atuação que, recentemente, passou a ser acessível também a produtores de subsistência), capacitação do corpo técnico e atividades de educação sanitária.
Sinais de alerta
A influenza aviária é uma síndrome respiratória nervosa, classificada como zoonose. Possui alta patogenicidade e o produtor rural deve estar atento aos sinais da doença em suas granjas. Morte súbita dos animais ou aumento da mortalidade em um período de 72 horas, depressão severa, apatia, diminuição ou ausência de consumo de ração e falta de coordenação motora são alguns dos indícios de infecção pelo vírus.
Outro sintoma comum é a queda drástica na produção de ovos, que podem apresentar desuniformidades, como casca deformada e fina, além de hemorragias nas pernas, inchaço na região dos olhos, da cabeça e pescoço, coloração roxo-azulada ou vermelho-escura na crista e na barbela.
O H5N1 pode dizimar plantéis em pouco tempo. Em caso de suspeita, o agropecuarista deve isolar a área, evitar o contato com as aves e notificar imediatamente o escritório local do IMA. Os telefones e endereços das unidades estão disponíveis neste link. O instituto também recebe notificações via WhatsApp, pelo número (31) 9 8598-9611.
É papel do serviço oficial estabelecer normas para a prevenção à gripe, fiscalizar o cumprimento das ações pelas granjas avícolas comerciais e atuar no combate ao vírus.
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