Distrito Federal

Banco de Leite Humano do DF precisa de doações para atender mais bebês

Considerado padrão ouro na alimentação infantil, o leite materno tem alto nível nutricional, capaz de garantir a formação de cidadãos mais saudáveis e sadios. De janeiro a novembro deste ano, a Rede de Banco de Leite Humano do DF recebeu a doação de 16.795,6 litros de leite humano por 6.461 mulheres. O insumo valioso serviu a 13.279 bebês – que receberam a doação uma única vez ou por meses.

A média mensal do período chega a 1.526,8 litros – superior a 1,5 mil litros, quantidade que mantém os estoques de leite materno humano em nível de segurança. Por outro lado, inferior ao registrado no ano passado. Entre janeiro e novembro de 2021, o banco de leite recebeu 17.651,8 litros de leite humano – alcançando média mensal de 1.604,7 litros. As doações foram feitas por 6.085 mulheres e atenderam 12.725 bebês.

As mães que desejarem doar devem ligar no 160 (opção 4) ou se cadastrar no site do Amamenta Brasília

Segundo a coordenadora das Políticas de Aleitamento Materno e Banco de Leite Humano do DF, Miriam Santos, é necessário um esforço coletivo em divulgar as iniciativas do Banco de Leite, para fazer com que todas as mamães do DF conheçam a rede de solidariedade. “Todo dia nasce uma mãe e uma possível doadora. Precisamos que ela saiba que pode doar leite humano para outro bebê”, afirma Miriam.

Além disso, a pediatra alerta que os meses de dezembro, janeiro e fevereiro costumam ter menor índice de doação devido à indisponibilidade de doadoras. “É o período de férias, então a mãe pode estar mais atribulada com os cuidados dos filhos em idade escolar, pode ser que viaje, ou até que receba parentes. Logo, observamos baixa no número de doações”, explica Miriam.

Em janeiro foram doados 1.266,2 litros e, em fevereiro, 1.206,3 litros. Já em março, com o alerta sobre a insuficiência dos estoques, saltou para 1.727,3 litros. O mesmo ocorreu em agosto, quando houve campanhas de incentivo ao aleitamento materno, com a doação de 1.672 litros.

A meta do DF é chegar a 2 mil litros de leite humano doados por mês, para atender com sobra crianças internadas e, porventura, ampliar a cobertura a outros casos. “A partir do momento em que tenho mais leite disponível, mais crianças são atendidas, e conseguimos manter a rede de solidariedade”, aponta Miriam Santos. De janeiro a dezembro de 2021, foram doados 19.144,8 litros de leite humano por 6.582 mulheres, que alimentaram 13.942 bebês.

Rede de solidariedade

Toda mulher em boas condições de saúde, que esteja amamentando ou ordenhando leite para o próprio filho e que se disponha a doar voluntariamente pode participar da rede de solidariedade. A mãe recebe em casa um kit completo contendo máscara, touca e potes esterilizados para fazer a coleta, entregues pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF), que retorna posteriormente para recolherem as doações.

O processo de doação é simples e qualquer quantidade doada é bem-vinda. A mulher deve identificar a data da primeira coleta no pote e, ao fim da ordenha, armazená-lo no congelador. Não é preciso se preocupar em encher o pote de uma vez. Basta colocar o líquido no frasco que está no congelador com a ajuda de um um copo de vidro esterilizado nas próximas ocasiões. A doação deve ser entregue ao banco de leite em até 15 dias, então quando começar a encher o pote já entre em contato.

Coletado, o leite materno passa por análise criteriosa. São avaliadas as condições da embalagem; a cor do leite, verificando a presença de inconformidades e sangue; se o cheiro está dentro do normal e também a presença de sujidades, já que, como é um processo manual, pode acontecer de cair fios de cabelo e cílios. Caso não cumpra os requisitos estabelecidos, o leite é descartado.

Depois, há a avaliação do nível de acidez do leite e da quantidade de calorias. “Toda essa avaliação é importante para garantir a segurança dos bebês, que, geralmente, são crianças prematuras e em situação mais grave de saúde”, explica a nutricionista Gisele Gomes, uma das responsáveis pelo processo de análise do leite no Hospital Regional de Taguatinga (HRT).

Cumprindo as condições necessárias, o leite é armazenado em um novo frasco e parte para a pasteurização. “É a fase em que matamos todos os vírus e bactérias que possam estar presentes naquele leite, para que ele esteja apto para consumo com uma perda menor de nutrientes”, explica Gisele. Em seguida, há o controle microbiológico, que mostra se a pasteurização foi realmente efetiva, para que, enfim, esteja pronto para uso. Todo o processo dura até 48 horas.

O trabalho do Banco de Leite Humano tem sido importante para a estudante Jéssica Lorrane Lopes, 21 anos, mãe do pequeno Ítalo Gabriel. O menino nasceu prematuro e está internado no HRT há um mês. “Ele ainda não está mamando, então, às vezes, é o meu leite que o alimenta, mas quando não tenho, é o banco de leite que ajuda manter meu filho vivo”, afirma.

Quando a saúde do neném estiver estabelecida e mãe e filho voltarem para casa, a estudante deseja retribuir a solidariedade a outras mulheres. “Pretendo doar leite, porque, assim como eu e meu bebê precisamos, outras mães que não conseguem atender seus bebezinhos também precisam”, conta.

O Banco de Leite Humano também oferece uma rede de suporte a mulheres em fase de amamentação. “Temos um atendimento interdisciplinar, com profissionais da nutrição, fonoaudiologia, pediatria, enfermagem, que visa assistir a mãe e o bebê em prol do sucesso do aleitamento materno. Cada profissional tem um olhar específico conforme a área de formação, que, no final, formam um serviço unificado”, afirma a fonoaudióloga do Banco de Leite Humano de Taguatinga, Aline Silvestre.

“Quando se fala em aleitamento materno, não podemos avaliar apenas a boca do bebê e a mama da mãe. É um tema muito mais grandioso, que envolve segurança da mulher, a rede de apoio, nível de conhecimento e requer um atendimento especializado e sistêmico para sanar as dificuldades da amamentação”, salienta a especialista.

Quer ajudar?

As mães que desejarem doar devem ligar no 160 (opção 4) ou se cadastrar no site do Amamenta Brasília. Mais informações podem ser obtidas neste link.

Ana Paula Oliveira

Jornalista formada em Brasília tendo a Capital Federal como principal cenário de atuação nos segmentos de revista, internet, jornalismo impresso e assessoria de imprensa. Infraero, Engenho Comunicação, Portal Fato Online e Câmara em Pauta, Revista BNC, Assessoria de Comunicação do Sesc-DF, Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Rádio Nacional da Amazônia e Jornal GuaráHOJE/Cidades são algumas das empresas nas quais teve a oportunidade de trabalhar com alguns dos renomados nomes do jornalismo no Brasil, e não perdeu nenhuma chance de aprender com esses profissionais. Na televisão, atuou na TV local de Patos de Minas em 2017, além de experiências acadêmicas. Ana Paula Oliveira nasceu em Bonfinópolis de Minas e foi morar em Brasília aos 14 anos e retorna à cidade natal em 2018. Durante os 20 anos em que passou na capital, a bonfinopolitana não desperdiçou as chances de crescer como pessoa e também como profissional, com garra e determinação. Além disso, conquistou algo não menos fundamental na sua caminhada: amigos. Isso mesmo. Para a jornalista não ter verdadeiros amigos significa ter uma vida vazia. E, com certeza, esse é um dos seus objetivos, fazer novos amigos nessa nova jornada da vida.

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