Luis Felipe Sales, 21 anos, ex-estudante da rede pública de ensino do Distrito Federal se forma no final do ano em jornalismo. A vaga em uma faculdade particular veio depois de ele ser aprovado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 2019. O caminho até a aprovação teve a ajuda do projeto Enem Inclusivo e Especial, iniciativa da Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral (Subin) da Secretaria de Educação do DF em parceria com a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) que reforça a preparação de estudantes com algum tipo de deficiência ou transtorno.
Este ano, 62 estudantes da rede com deficiência e transtornos, inscritos no Enem participarão das aulas nas manhãs dos 11 sábados que antecedem a realização das provas. São alunos com deficiência intelectual, auditiva, visual, física, além de transtornos como Espectro Autista (TEA), déficit de atenção, dislexia, entre outros.
A secretária de Educação do DF, Hélvia Paranaguá, esteve presente na aula inaugural do projeto, neste sábado (26), e ressaltou o trabalho de motivação. “Ainda que fosse só um estudante nós estaríamos aqui. A educação tem que proporcionar a inclusão. É a educação que transforma a vida das pessoas. Não existem barreiras, nem limites”, afirmou.
Para a subsecretária de Educação Inclusiva, Vera Barros, o Enem é uma grande possibilidade de ingresso desses estudantes no ensino superior, já que a maioria das instituições de ensino, tanto públicas quanto privadas, opta pelo exame para substituir o vestibular. “O que garante inclusão é a acessibilidade”, resumiu.
As aulas, gratuitas, serão dadas por professores voluntários nas instalações da Finatec, parceira do projeto Enem Inclusivo e Especial 2023. Além da Finatec, o projeto tem a parceria com a Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) e com a ONG Programando o Futuro.
Inspiração
Luis Felipe Sales, que cursou o ensino médio no Centro Educacional (CED) 1 do Riacho Fundo, e passou no Enem depois de participar aulas do Enem Inclusivo e Especial, deu a receita aos demais estudantes: “As aulas aqui, dadas por professores extremamente capacitados, foram muito importante. Mas o segredo é ler bastante. A prova não é difícil para quem estuda.”
Warley Felipe Fernandes Vasconcelos, 17 anos, aluno do 3º ano no Centro de Ensino Médio de Taguatinga Norte (CEMTN), quer cursar medicina ou direito e pretende reforçar as habiilidades em redação. Warley foi diagnosticado com Transtorno do Sistema Auditivo Central (TPAC) quando era criança.
“Ele começou a estudar em escola particular, mas acabei mudando ele para a rede pública”, explicou a mãe do garoto, Adriane Vasconcelos, 37 anos. “As aulas vão funcionar como um reforço positivo. Vão dar mais disciplina para ele”, acredita.
Durante as aulas, os estudantes terão acesso a um laboratório de experimentação pedagógica que vai estimular a realização de pesquisas. Eles também poderão acessar uma plataforma que reunirá provas do Enem de anos anteriores. Além disso, serão oferecidos todos os dispositivos para garantir a plena acessibilidade aos estudantes como audiodescrição e intérprete de libras.
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