Seis médicos do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) receberam do Ministério da Saúde a autorização para realizar transplantes de pele com tecido fornecido em bancos de pele. O procedimento já era realizado, porém por meio de concessões emergenciais, uma autorização temporária. Agora, a equipe da Secretaria de Saúde também poderá passar a fazer solicitações diretamente aos bancos de pele e, de forma inédita, coletar pele de doadores de tecidos, assim como ocorre com coração, rins e córnea, por exemplo.
O transplante de pele é necessário para casos de queimaduras ou de graves acidentes em que uma grande parte da superfície corporal é atingida. “Quanto mais rápido tiver a cobertura da ferida, melhor para o paciente”, resume o responsável pela equipe de transplantes do Hran, Fernando Pontes.
A primeira opção é utilizar pele de outras partes do corpo da própria vítima. Também há a possibilidade de adotar outras técnicas, como curativos especiais ou mesmo pele de tilápia. Porém, o tecido doado por um ser humano se adapta melhor ao corpo do paciente.
“O processo vai ter mais rapidez, porque hoje precisamos fazer tudo intermediado pelo Ministério da Saúde”
Ricardo de Lauro, médico e chefe da unidade de queimados do Hran
O médico afirma que desde 2019 já foram realizados 20 transplantes de pele no Hran, com destaque para um bebê de 11 meses que teve 40% do corpo queimado após um acidente doméstico. “Foi a criança mais nova que eu saiba que tenha recebido transplante de pele”, conta Fernando Pontes. Isso tem sido possível graças a cursos de capacitação realizados pela equipe.
A urgência vai além da estética. “A pele é um dos maiores sistemas do nosso corpo e cumpre funções essenciais para nosso organismo, protegendo-nos contra todo tipo de infecção, perdas de água e sais, participa da regulação da nossa temperatura, permitindo a homeostase, que é a capacidade de manter o organismo em estabilidade, além de ser através dela que percebemos o mundo por meio do tato”, explica o chefe da unidade de queimados do Hran, Ricardo de Lauro.
A expectativa é a de que os transplantes se tornem mais rápidos. “O processo vai ter mais rapidez, porque hoje precisamos fazer tudo intermediado pelo Ministério da Saúde”, afirma o médico Ricardo de Lauro. Para alcançar a autorização do governo federal, tanto o hospital quanto os servidores foram avaliados quanto às condições técnicas para a realização dos procedimentos.
Ricardo de Lauro destaca a importância de ter em Brasília profissionais aqui qualificados para a retirada de pele de doadores. “O DF é uma das unidades da federação em que mais há doadores de órgãos e transplantes, mas a pele não tem sido aproveitada aqui”, explica.
A retirada é feita exclusivamente de doadores falecidos, na mesma ocasião da retirada de órgãos e de outros tecidos, como córnea, fígado, coração, pulmão, rins, etc. “É um procedimento simples, rápido e não mutila ou deforma. A área doadora não fica perceptível. A pele é retirada de áreas não aparentes e não impede a realização de velório ou funeral”, garante o médico.
As doações a serem coletadas em Brasília podem ajudar a ampliar os estoques dos quatro bancos de pele brasileiros, localizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba.
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