O pole dance é um estilo de dança que desenvolve força, resistência, equilíbrio, flexibilidade e consciência corporal. Reconhecido como esporte, também é considerado uma atividade terapêutica que promove bem-estar emocional e físico. Visando essas qualidades, um projeto realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC) proporcionará aulas gratuitas para mulheres de baixa renda.
O Projeto Flutua tem a missão de empoderar mulheres por meio do esporte, democratizando o acesso a essa modalidade de dança. Com fomento no valor de R$ 60 mil, o programa também promoverá bate-papos com uma psicóloga e orientação jurídica prestada por uma advogada especialista em direito da mulher e violência de gênero.
Fabiane Ewald Venturini, 38 anos, é a idealizadora do projeto. Conhecida pelo seu nome artístico, Bia Venturini, ela teve o primeiro contato com o pole dance em 2014 e se apaixonou pela modalidade. Desde então, define o esporte como impactante e transformador.
“Venho de uma criação muito rígida, então sexualidade era um tabu. O pole me deu liberdade, me mostrou que você pode ter uma boa relação com sua imagem, seu corpo, o que acha bonito em você, ter uma postura. Isso traz um empoderamento muito grande, na vida e nos relacionamentos. O pole mexeu com tudo. Quando você se vê no espelho com pouca roupa, pensa ‘nossa, essa sou eu, nunca parei pra me observar’. Fui me entendendo, enquanto mulher, que tenho um corpo que dança, um corpo em movimento”, afirma Bia.
Serão 24 encontros, uma duração de seis meses, totalizando 46 horas de capacitação em pole dance
Dança e acessibilidade
Há pessoas de todas as regiões administrativas interessadas no programa. Já são 150 inscritas para as 16 vagas, sendo duas delas para mulheres com deficiência visual. Segundo Bia, há poucas pessoas cegas ou com baixa visão inscritas. Ela ressalta que já teve uma aluna com deficiência visual, que inclusive é assessora de acessibilidade no projeto.
“Foi uma experiência engrandecedora. Eu brinco que ela me ensinava a ensiná-la enquanto aprendia pole dance comigo. Desenvolvi minha sensibilidade e capacidade de escuta, e compreendi que é plenamente possível que pessoas com alguns impedimentos, mesmo de natureza física, aprendam o pole dance, contanto que quem ensine faça algumas adaptações na metodologia e na descrição dos comandos das atividades”, destaca.
Lugar de acolhimento
Bia continuou sua jornada e percebeu que as mulheres precisavam de um lugar que as acolhesse. De acordo com a instrutora, quando ela começou a lecionar, as alunas passaram a confidenciar coisas profundas e experiências traumáticas, como abusos – e como elas conseguiam superar aquilo com o pole dance. “Quando você começa a movimentar seu corpo, parece que as memórias se mexem também. E você consegue encaixar melhor esses sentimentos onde eles pertencem”, explica.
A idealizadora do projeto gosta de projetos sociais desde pequena e começou a procurar uma maneira de unir isso ao esporte pelo qual é apaixonada. “Pensei: isso tem que chegar a outras pessoas. Sabia do FAC e resolvi inscrever o projeto. O objetivo não é se tornarem superdançarinas, mas usar o pole de uma forma terapêutica, para elas conhecerem o corpo e vencerem os próprios desafios e limites.”
A instrutora revela que, ao pensar nas mulheres que sofrem abuso e não denunciam, veio a necessidade de trazer o apoio jurídico e psicológico para as participantes do projeto. Para a instrutora, as mulheres de baixa renda são ainda mais vulneráveis por não terem esse amparo.
“Sei que o pole vai revirar isso tudo, então é importante ter uma profissional com o suporte necessário. E ter uma advogada, porque às vezes a gente nem sabe a situação real que está. E existe ajuda, existe uma lei, vias jurídicas. É importante levar essa informação e ter um lugar seguro para isso, além de fortalecer vínculos entre as mulheres, fazer essa troca. Porque não acontece só com elas, eu mesma já sofri. Mas quando você se sente livre e segura, você está pronta para expandir. É um lugar para elas serem o que elas quiserem”, ressalta a instrutora.
Bia manifesta a vontade de expandir o programa e levá-lo ao máximo de pessoas possível. Ela diz estar buscando parcerias, para atender quem não conseguir entrar na primeira turma. Caso haja interesse de apoio ao projeto, é só acessar os links ao final da matéria e entrar em contato com a instrutora.
Inscrições e início das aulas
As inscrições vão até esta sexta (28) e os resultados saem na segunda-feira, 1º de maio. As aulas começam no dia 6 e serão aos sábados, das 13h30 às 16h30, no Cirqus Acroesportes, que fica na 716 Norte, bloco B, loja 36.
Serão 24 encontros, uma duração de seis meses, totalizando 46 horas de capacitação em pole dance. Haverá outros workshops no local, como aulas de striptease, expressão corporal, automaquiagem, chair dance, sexualidade e empreendedorismo no mercado da dança.
Para participar, não é necessário ter experiência com dança. É 100% gratuito e haverá auxílio para o transporte das alunas até o local das aulas. Ao final do curso, a aluna receberá um certificado, mas para isso é necessário a frequência mínima de 70%. O Projeto Flutua aguarda mulheres, cis ou transgênero, de todas as idades, a partir de 18 anos, residentes no Distrito Federal.
Serviço:
Clique aqui para acessar o link de inscrição.
Inscrições: até a sexta-feira (28/4)
Resultado da seleção: 1º/5
Local: Cirqus Acroesportes (SCRN 716, Bloco B, Loja 36, Asa Norte, Brasília)
Contato: projetoflutuadf@gmail.com | telefone: (61) 99996-2903 | Instagram: @projetoflutua
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