Um espaço aberto para destacar a voz de usuários, familiares e servidores na discussão sobre saúde mental. Esse foi o objetivo da assembleia promovida pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) II da Asa Norte, nessa terça-feira (6). O encontro ocorreu no Setor de Grandes Áreas Norte (SGAN) 905 e contou com participação de nutricionistas, farmacêuticos, psiquiatras, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. Entre os temas debatidos estão a interferência da alimentação na saúde mental e as interações medicamentosas, tópicos requisitados pelos próprios pacientes.
“O Caps é meu porto seguro, minha rede de apoio. Aqui temos os grupos de família e trocas de ideias com os profissionais que nos atendem muito bem”, conta Maria do Socorro Vasconcelos, 73 anos, mãe de dois usuários diagnosticados com esquizofrenia paranoide. “Quem estiver passando por qualquer problema mental ou transtorno deve procurar ajuda. O Caps só tem a acrescentar na nossa vida e tem equipes muito preparadas”, ressaltou a moradora da Asa Norte.
O Caps II é uma unidade de saúde mental da Rede de Atenção Psicossocial voltada a usuários acima de 18 anos. Atualmente, o local atende cerca de 400 pacientes ativos e faz um serviço acolhedor, aberto, de referência e comunitário, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O foco são pessoas que sofrem com transtornos mentais graves, cuja severidade ou persistência justifique a permanência em um espaço de cuidado intensivo e comunitário.
A gerente substituta do Caps II, Rhubia Chaves, explica que a assembleia é um momento de convivência e construção coletiva, promovendo o exercício da cidadania, onde o usuário pode atuar de modo ativo. “O objetivo é dialogar, avaliar e propor ideias, construindo um atendimento cada vez melhor. É um espaço de escuta atenta. É a partir de decisões da assembleia que poderemos ampliar os direitos na área da saúde mental”, ressaltou. As assembleias são realizadas toda primeira terça-feira do mês.
A nutricionista da Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 da Asa Norte, Roberta Andrade, ressaltou a relação entre nutrição e saúde mental no encontro. “Há alimentos que podem gerar inflamação em todo o corpo, a inflamação sistêmica. Se essa inflamação afetar também os neurônios, teríamos algum prejuízo também para a saúde mental. Logo, quanto mais natural a alimentação, melhor”, aconselhou.
Outro assunto destacado foi a cafeína, que pode gerar prejuízo na absorção de alguns medicamentos ou aumentar a absorção de outros. “Sugerimos aos pacientes o café descafeinado, além de chás, sem ser preto ou verde”, completa a nutricionista.
À frente da assembleia estão servidores do Caps e residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental do Adulto da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências de Saúde (Fepecs). Um dos residentes da área da assistência social, Daniel Barbosa, reforça a importância de assegurar garantias básicas aos pacientes, promovendo inserção social, autonomia e cidadania. “O cuidado integral é muito importante. A pessoa que está fazendo um cuidado em saúde mental também precisa se preocupar com os outros aspectos da saúde, como a alimentação. Tudo se complementa”, conclui.
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