Os cerca de 350 médicos veterinários do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) estão preparados para atuar em casos de indícios de gripe aviária no estado. Todos esses profissionais do órgão vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) receberam treinamento específico, que começou no mês de março deste ano e se encerrou na última quarta-feira (5/7).
O conteúdo dos cursos teórico-práticos, com carga horária de um dia cada, abordou o passo a passo de atendimentos, desde o recebimento de notificações sobre alterações neurológicas, respiratórias e digestivas em aves, passando pela coleta de materiais no local da suspeita, até a análise em laboratórios. O objetivo é possibilitar a ação rápida e eficaz desses agentes estaduais.
A educação sanitária, voltada principalmente para os pequenos produtores, também foi tema das aulas. Nessa etapa, os técnicos foram incentivados a organizarem e ministrarem palestras em suas regiões, utilizando uma linguagem simples para alcançar diferentes públicos.
Segundo a médica veterinária do IMA e coordenadora do Programa de Sanidade Avícola de Minas Gerais, Izabella Hergot, sempre houve uma rotina de treinamentos no instituto. No entanto, a realização da capacitação de forma intensiva é essencial neste momento de alerta contra a influenza aviária.
“O grande produtor, aquele das granjas comerciais, sabe exatamente o que fazer. Estamos seguros quanto a ele, com quem temos um contato muito próximo, devido ao trabalho constante de inspeção e fiscalização do IMA. Nosso foco agora é informar o pequeno produtor, que tem aves de subsistência, ou seja, as galinhas de fundo de quintal”, explica Izabella.
Minas não registrou casos de influenza aviária de alta patogenicidade. Até a última quinta-feira (6/7), o Ministério da Agricultura contabilizava 61 focos da doença no país, por meio de investigações laboratoriais com resultado positivo. Eles estão concentrados nos estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Foram 60 confirmações em aves silvestres e uma em ave de subsistência. Nenhuma contaminação de ave comercial foi registrada no Brasil até o momento.
Todo o quadro
Para capacitar todo o quadro de veterinários do Instituto Mineiro de Agropecuária, foram realizadas oito edições das aulas, duas em Belo Horizonte e uma em cada um dos seguintes municípios: Pará de Minas, na região Central, Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, Montes Claros, no Norte do estado, Uberlândia, no Triângulo Mineiro, Rio Pomba, na Zona da Mata, e Machado, no Sul de Minas.
Como se trata de uma medida de emergência, não apenas os profissionais da ponta participaram da capacitação, mas também aqueles que hoje não atuam diretamente na Defesa Sanitária Animal, incluindo a chefe de gabinete da instituição, Cristiane Almeida Santos. Isso porque, em situações-limite, todos os veterinários do IMA podem ser recrutados.
“No serviço de defesa sanitária, os veterinários oficiais, mesmo os que estão em atividades mais burocráticas, assim como eu, devem estar de prontidão para agir e colaborar com todas as atividades de atendimento”, afirma Cristiane.
Responsável pela organização do curso em mais de uma Coordenadoria Regional do IMA, Cleudiane Carrara da Silva, fiscal agropecuário e membro do Grupo Especial de Emergência Sanitária, conta que esta foi uma união de esforços em prol da sanidade avícola de Minas Gerais. No Triângulo Mineiro, por exemplo, o treinamento contou com o apoio da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que cedeu um laboratório para as lições práticas. Os estudantes do curso de Medicina Veterinária da instituição de ensino superior também participaram dessa fase.
“Foi muito importante termos esses treinamentos presenciais. Tenho certeza de que nosso pessoal está mais seguro do que fazer caso tenhamos um surto de gripe aviária no estado”, completa Cleudiane.
Notificações
O produtor rural deve se manter atento aos sinais de doenças em seus aviários. Alguns indícios são morte súbita de aves ou aumento da mortalidade em um período de 72 horas, depressão severa, apatia, diminuição ou ausência de consumo de ração e falta de coordenação motora.
Outro sintoma é a queda drástica na produção de ovos, que podem apresentar desuniformidades, como casca deformada e fina. Hemorragias nas pernas, inchaço na região dos olhos, da cabeça e pescoço, coloração roxo-azulada ou vermelho-escura na crista e na barbela também são observados.
O vírus do H5N1 pode dizimar plantéis em pouco tempo. Em caso de suspeitas, o IMA recomenda que o avicultor ou cidadão faça uma notificação pelo WhatsApp (31) 9 8598-9611, por e-mail ou compareça pessoalmente em uma das unidades do instituto. A lista dos endereços eletrônicos e físicos está disponível neste link.
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