A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) reuniram-se, nesta segunda e terça-feiras, (19 e 20/6) para discutir a construção de um Centro de Informações Estratégicas para a Gestão Estadual do Sistema Único de Saúde (Cieges). A iniciativa tem por objetivo organizar e disponibilizar dados consolidados da saúde pública para os gestores, por meio de painéis dinâmicos e individualizados.
O Cieges visa facilitar o acesso a um conjunto de informações para subsidiar a tomada de decisão, além de possibilitar o alinhamento e a exposição de múltiplos indicadores que interferem na atuação da SES-MG. Com o Centro, os gestores estaduais poderão monitorar o que acontece na rede de saúde, prevenir e minimizar os problemas causados por desastres, melhorar a saúde populacional e personalizar o cuidado para cada paciente.
A implementação do projeto tem como consequência, entre outros impactos positivos na execução da política pública, a gestão com decisões baseadas em informação e integração efetiva das áreas de planejamento, orçamento e finanças. A integração das bases de dados permite ainda maior rapidez na tomada de decisão, a racionalização e redução de redundâncias e ineficiências diversas e a definição de fluxos de informações estratégicas organizadas e disponibilizadas aos gestores sem intermediários.
Os desafios do Cieges são diversos e envolvem aspectos técnicos, políticos e organizacionais. O primeiro deles é integrar as bases de dados, que estão fragmentadas em diferentes sistemas e plataformas, garantindo a qualidade, a confiabilidade e a atualização das informações. O segundo desafio é capacitar as equipes das secretarias estaduais de Saúde para o uso adequado das ferramentas de ciência de dados e “business intelligence”, bem como para a análise crítica dos indicadores e das evidências. Outra demanda é a articulação das áreas de planejamento, orçamento e finanças com as áreas de vigilância em saúde e atenção primária, a fim de promover uma gestão integrada e eficiente dos recursos públicos.
O projeto do Centro de Informações Estratégicas para a Gestão Estadual do SUS também contempla a construção de espaços de monitoramento e de tomada de decisão ágil e estratégica, como as salas de situação, que possam responder às necessidades e normativas do SUS, especialmente em situações de emergência sanitária, como a pandemia da covid-19. Também busca fortalecer a cooperação técnica entre o Conass, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e as secretarias estaduais de Saúde, respeitando as distintas realidades locais e desenvolvendo soluções inovadoras e sustentáveis para o SUS.
De acordo o assessor-chefe de Tecnologia da Informação e Comunicação da SES-MG, Paulo Franco, a criação do Centro de Inteligência no âmbito da Secretaria, além de subsidiar a tomada de decisões dos gestores, vai proporcionar uma transparência maior para toda a sociedade. “A SES-MG está bastante adiantada nesse sentido, inclusive já usamos os dados para a tomada de decisões, então agora precisamos nos organizar junto às equipes das subsecretarias e operacionalizar esse trabalho”, afirma. “Nossa maior dificuldade é reunir todos os bancos de dados com milhares de bytes de informação, tratar todas essas informações e entregá-las de uma maneira limpa para os gestores”, explica.
Segundo Sandro Terabe, assessor técnico do Conass, durante os dois dias de discussões, ficou claro que Minas Gerais tem um processo bem avançado na questão do monitoramento e organização do planejamento estratégico. “Identificamos a oportunidade de criar um processo que sirva de modelo e possa ser replicado facilmente em outros estados. Estamos bem motivados nessa cooperação com a SES-MG para qualificar cada vez mais nosso trabalho”, destaca. “Minas Gerais é o oitavo estado em que estamos tendo essa discussão e, ao final desse processo, esperamos criar uma rede para facilitar a troca de experiência e conhecimento entre os estados”, salienta.
“O nosso objetivo é criar esse centro de inteligência para dar respostas rápidas ao gestor, tanto no processo de planejamento rotineiro que já é desenvolvido dentro do estado quanto em processos de emergência e crises que eventualmente possam acontecer, como foi o caso da pandemia da covid-19”, explica o assessor-técnico.
O coordenador do Cieges no Conass, Marcos Carvalho, explica que o surgimento do projeto enfrenta desafios comparáveis aos do próprio SUS: “A grande fragmentação de dados é um dos problemas que afeta todas as suas áreas da Saúde. Por isso, desde 2020, o Conass lançou um projeto que busca integrar as bases de dados existentes, principalmente aqueles disponibilizados pelo Ministério da Saúde, mas também trazendo dados que ficam nas secretarias estaduais e municipais, agregando a esse grande repositório de dados que vai disponibilizar análises por meio de painéis dinâmicos e sistemas de georreferenciamento”.
Segundo Carvalho, nos dois dias de reuniões do grupo do Cieges em Minas Gerais, além da capacitação das equipes técnicas da SES-MG, foi iniciada uma fase de centralização de dados, de análise e de integração entre as equipes. “Iniciamos um processo de inclusão do estado de Minas Gerais nessa grande rede de centros de inteligência, que propiciará a troca de experiências, de soluções tecnológicas e a integração de áreas técnicas, afinal, as dores das secretarias de saúde são muito parecidas em todo o país”, conclui Carvalho.