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quinta-feira, novembro 21, 2024
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    Hemominas alerta para baixa nos estoques de sangue

    imagem mostra o doador sentado na cadeira de coleta de sangue
    Reinaldo Pereira da Silva, vigilante e motorista, doador há 30 anos, sabe da importância de ser um doador fidelizado e sempre comparece ao Hemocentro de Belo Horizonte (HBH) quando convocado

    O ato de doar sangue pode salvar muitas vidas. Essa prática é fundamental para garantir que a Fundação Hemominas, responsável por mais de 90% das demandas transfusionais do estado, tenha estoque suficiente para atender emergências, cirurgias eletivas e pacientes com doenças hematológicas. No entanto, apesar da importância dessa ação, o número de comparecimentos de doadores tem sido cada vez menor.

    Segundo dados da Assessoria de Captação de Cadastro da Fundação Hemominas, apenas 1,8% dos mineiros são doadores de sangue regulares, sendo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que esse índice seja de, pelo menos, 3% da população. O baixo comparecimento de doadores impacta diretamente nos estoques de sangue, quadro observado frequentemente e que pode comprometer o tratamento de pacientes em situações críticas, como é o caso dos atendidos nos ambulatórios da Hemominas.

    Reinaldo Pereira da Silva, vigilante e motorista, doador há 30 anos, sabe da importância de ser um doador fidelizado e sempre comparece ao Hemocentro de Belo Horizonte (HBH) quando convocado. “Sou doador fenotipado. Isso quer dizer que meu sangue vai para um paciente específico, que só pode receber determinado tipo de sangue, então eu venho sempre que me ligam”, conta.

    A fim de manter os estoques de sangue em níveis adequados, a Hemominas convida os doadores voluntários de todos os tipos sanguíneos, em especial os dos tipos O positivo e negativo, a comparecerem às suas unidades para realizar a doação e ajudar a reverter a situação de insuficiência nos estoques que, atualmente, estão 32% abaixo do ideal, em média, sendo que a queda do tipo O positivo ultrapassa 50%.

    A médica Sara Alvarenga, que é do tipo sanguíneo O positivo, está completando a 15ª doação de sangue e entende que não há remédio que substitua o sangue e, por isso, doa frequentemente. “Eu doo sangue há muitos anos porque sei o quanto isso é importante pra vida de outras pessoas. Com um ato tão simples, conseguimos ajudar tanto outras pessoas”, afirma.

    O mesmo pensamento tem o empresário Anderson Dias, que também percebeu a importância de ser um doador frequente. “É a segunda vez que doo sangue e vim por causa de uma pessoa conhecida que está precisando de transfusão. Na verdade, a gente nunca atenta pra isso, até ter a necessidade, mas é uma coisa que quero fazer corriqueiramente a partir de agora”, conta.

    O estoque baixo de sangue pode provocar diversas consequências, como a não realização de cirurgias e tratamentos necessários, além de colocar em risco a vida de pacientes em situações de emergência. Por isso, é fundamental que a população se mobilize para manter os estoques sempre abastecidos.

    “Sinto-me muito realizada e feliz em poder ajudar, colaborar com o estoque de sangue. Aproveitei minha vinda ao hemocentro e me cadastrei também para doação de medula óssea, e aproveito a oportunidade para convidar outras pessoas para doar, fazer a nossa parte. Alguém vai ser muito beneficiado com nossa atitude”, afirma Taís Solano, que doa sangue pela primeira vez.

    Ao doar sangue, o indivíduo está contribuindo para o bem-estar de outras pessoas, sem esperar nada em troca. Esse gesto altruísta pode motivar outras pessoas a também se tornarem doadoras, criando uma corrente do bem que beneficia a sociedade como um todo. Para fazer parte dessa corrente, basta comparecer a uma das unidades da Fundação Hemominas e realizar a doação.

    coordenadora do Hemocentro de Belo Horizonte (HBH), Priscila Rodrigues
    Para a coordenadora do Hemocentro de Belo Horizonte (HBH), Priscila Rodrigues, ser doador de sangue é algo muito importante, que dá muita satisfação para quem doa e mais satisfação ainda pra quem recebe – Foto: Adair Gomez

    Para a coordenadora do Hemocentro de Belo Horizonte (HBH), Priscila Rodrigues, ser doador de sangue é algo muito importante, que dá muita satisfação para quem doa e mais satisfação ainda pra quem recebe. Gilliard Correa, motofretista, doador há mais de 20 anos, corrobora essa afirmação. “É sempre bom fazer o bem ao próximo sem intenção de receber. Fazendo de bom coração, Deus sempre retribui”, acredita.

    Tarcísio Bastos, analista de rede, é outro doador que pensa assim. “Acredito na importância de salvar vidas. Estou aqui muito feliz em ajudar e contribuir para o salvamento de outras vidas”, afirma.

    Tecnologia como ferramenta

    A tecnologia tem se mostrado um forte elo dessa corrente e contribuído para ampliar o alcance da divulgação da doação de sangue, promovendo a sensibilização da população para a causa. “As redes sociais tornam-se, cada vez mais, uma ferramenta essencial no fortalecimento da conscientização sobre a doação de sangue. As novas ferramentas, como o aplicativo para agendar a doação, facilitam o acesso da população ao processo da doação de sangue, uma vez que possibilita ao cidadão escolher o melhor momento para doar, informa sobre os estoques de sangue e sobre as condições/restrições para ser um doador de sangue. A informação correta e acessível é uma estratégia fundamental para mobilizar a população e promover a melhoria dos estoques de sangue”, afirma Viviane Guerra, analista da Assessoria de Captação e Cadastro da Fundação Hemominas.

    Além da facilidade em agendar a doação, outras inovações trouxeram benefícios para os doadores de sangue e para os pacientes atendidos na Hemominas, conforme explica a coordenadora do HBH, Priscila Rodrigues. “Nos últimos dois anos, tivemos algumas mudanças de tecnologia dentro da Fundação. Temos um procedimento que se chama inativação de patógenos, que traz mais segurança ao processo transfusional e faz com que as plaquetas, que são um dos componentes do sangue, tenham uma validade maior. Isso foi muito importante principalmente para o atendimento aos pacientes”, afirma.

    Ela pontua, ainda, outros procedimentos diferenciados, como a plaquetaférese e a doação de concentrado duplo de hemáceas. “Os doadores que já têm mais tempo de doação conosco podem se submeter a elas. A plaquetaférese é uma doação de sangue na qual o doador doa somente plaquetas. Ela pode ser realizada mensalmente e tem critérios específicos. Já a doação de concentrado duplo de hemácias é voltada principalmente aos doadores que têm sangues mais raros. Através desse tipo de coleta são retiradas duas bolsas de sangue por vez. São tecnologias importantes de preservação do doador e de melhoria do atendimento ao paciente que nós podemos oferecer para a população. Lembrando que todos os procedimentos realizados dentro da Fundação Hemominas são via SUS, ou seja, totalmente gratuitos”, assegura.

    Como fazer a doação

    A Fundação Hemominas adota como critérios básicos para avaliar quem se encontra ou não apto a doar sangue aqueles estabelecidos pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgãos responsáveis pela legislação nacional de hemoterapia.

    Entre os critérios básicos, destacam-se:

    Estar em boas condições de saúde
    Ter entre 16 e 69 anos de idade – jovens de 16 e 17 anos podem doar, acompanhados pelo responsável legal ou portando autorização. A partir de 61 anos, o candidato à doação precisa comprovar a realização de pelo menos uma doação anterior
    Pesar mais de 50 kg
    Estar bem descansado no momento da doação
    Estar alimentado – após almoço, jantar ou refeições mais gordurosas, deve-se aguardar três horas para efetuar a doação
    Não ingerir bebida alcoólica 12 horas antes da doação
    Não ter sido exposto a situação de risco para doenças transmissíveis pelo sangue
    Não ter tido hepatite após os 11 anos
    Apresentar documento de identificação oficial e original, com foto, filiação e assinatura
    O analista da Assessoria de Captação e Cadastro da Hemominas, Thiago Sindeaux, lembra outros critérios, também importantes, que passaram por alterações recentes e precisam ser observados. “O prazo de inaptidão para as pessoas que fizeram maquiagem definitiva ou tatuagem passou para seis meses, se o local tiver alvará sanitário; se não, o período continua sendo 12 meses”. Outro procedimento que teve o prazo reduzido foi a aplicação de botox, que passou de 12 meses para 3 dias.

    Importante também reforçar que os homens podem realizar até quatro doações em um período de 12 meses, com intervalo de 60 dias entre cada uma. Já as mulheres podem realizar até três doações no período de 12 meses, com intervalo de 90 dias.

    imagem mostra a doadora na cadeira recebendo os cuidados no braço da punção
    Glenda Emily, estudante de fisioterapia, começou a doar sangue em agosto do ano passado e está doando pela terceira vez – Foto: Adair Gomez

    Glenda Emily, estudante de fisioterapia, começou a doar sangue em agosto do ano passado e está doando pela terceira vez. “Eu sempre vinha falando sobre a necessidade e importância da doação de sangue, mas tinha um certo receio. O desconhecido dá medo… hoje me sinto privilegiada por ser doadora. É uma experiência ótima e pretendo vir doar três vezes por ano”, afirma.

    Perfil do doador

    Existem quatro tipos sanguíneos principais: A, B, AB e O, que podem ser RH positivo ou negativo, cada um com características específicas.

    “Os tipos de sangue mais prevalentes na nossa região são o O e o A, mas todos os grupos sanguíneos são importantes porque o ideal é a gente transfundir uma pessoa com o mesmo grupo sanguíneo dela. Então, se é uma situação eletiva na qual se pode escolher – seja uma cirurgia ou transfusão planejada – a pessoa idealmente vai receber o mesmo grupo sanguíneo que ela tem. Para situações de urgência, onde não se sabe o grupo sanguíneo do receptor, em geral, a gente tem que transfundir com hemácias do tipo O, negativo ou positivo, a depender dessa urgência”, explica a coordenadora do Hemocentro de Belo Horizonte, Priscila Rodrigues.

    O sangue tipo O positivo é o mais comum em Minas Gerais, sendo que 43,3% dos doadores de sangue cadastrados na Fundação Hemominas são desse tipo sanguíneo. A ele se segue o tipo A positivo, que abarca 29,6% dos doadores. O tipo B positivo representa 9,4% dos doadores; o tipo O negativo, 8,6%; o tipo A negativo 4,5%; o tipo AB positivo, 2,9%; o tipo B negativo, 1,4%; e o tipo AB negativo, 0,4%.

    Em geral, os tipos sanguíneos negativos representam 85,1% dos doadores de sangue e os tipos positivos 14,8%.

    “Mesmo sendo o tipo mais comum entre os doadores de sangue na Fundação Hemominas, o sangue O positivo é um dos grupos que apresenta mais dificuldade em garantir estoque”, destaca Nivaldo Júnior, assessor de Captação e Cadastro da Hemominas. Para ele, a falta de doadores regulares é um dos principais motivos para a insuficiência de sangue. “Muitas pessoas só se lembram de doar sangue em situações de emergência ou quando um parente precisa, mas é importante que a doação seja um hábito regular para manter os estoques em níveis adequados”, afirma.

    Segundo dados da Assessoria de Captação, o tipo sanguíneo AB positivo normalmente é o mais abundante nos estoques da instituição. Os tipos sanguíneos dos grupos negativos são os mais raros, sendo o tipo O negativo o que tem a menor taxa, estando constantemente em estado crítico.

    SourceHemominas


    Sobre Ana Paula Oliveira
    Jornalista formada em Brasília tendo a Capital Federal como principal cenário de atuação nos segmentos de revista, internet, jornalismo impresso e assessoria de imprensa. Infraero, Engenho Comunicação, Portal Fato Online e Câmara em Pauta, Revista BNC, Assessoria de Comunicação do Sesc-DF, Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Rádio Nacional da Amazônia e Jornal GuaráHOJE/Cidades são algumas das empresas nas quais teve a oportunidade de trabalhar com alguns dos renomados nomes do jornalismo no Brasil, e não perdeu nenhuma chance de aprender com esses profissionais. Na televisão, atuou na TV local de Patos de Minas em 2017, além de experiências acadêmicas.
    Ana Paula Oliveira nasceu em Bonfinópolis de Minas e foi morar em Brasília aos 14 anos e retorna à cidade natal em 2018. Durante os 20 anos em que passou na capital, a bonfinopolitana não desperdiçou as chances de crescer como pessoa e também como profissional, com garra e determinação. Além disso, conquistou algo não menos fundamental na sua caminhada: amigos. Isso mesmo. Para a jornalista não ter verdadeiros amigos significa ter uma vida vazia. E, com certeza, esse é um dos seus objetivos, fazer novos amigos nessa nova jornada da vida..

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