O Governo de Minas anunciou, nesta quinta-feira (23/5), o “Passaporte Mineiro do Conhecimento”, projeto de intercâmbio que oferecerá bolsas de estudo para alunos da rede pública, em diversos países ao redor do mundo.
O anúncio foi feito pelo governador Romeu Zema, em solenidade com a presença do secretário de Estado de Educação, Igor de Alvarenga, na Escola Estadual Walt Disney, em Belo Horizonte.
Serão disponibilizadas 90 bolsas de intercâmbio, integralmente financiadas pelo Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG).
“Fico muito satisfeito em anunciar esse novo programa, pois o intercâmbio é importantíssimo para um jovem. Conhecer outro país, outra cultura, ensina muito. Então, pra mim, é uma satisfação enorme saber que em 2025 vamos enviar 90 alunos para diversos países do mundo”, destaca o governador.
Inicialmente, serão investidos R$ 6,3 milhões na iniciativa.
A intenção do Governo de Minas é oferecer para a rede estadual acesso à educação intercultural, conectando Minas Gerais ao mundo por meio do conhecimento, preferencialmente aos estudantes de baixa renda.
“Essa é uma oportunidade para os nossos jovens de periferia, jovens que estão se esforçando na formação para viver aquilo que eles só veem na televisão. Os alunos com boas notas poderão estar estudando em outros países no ano que vem”, afirma o secretário de Estado de Educação, Igor de Alvarenga.
Oportunidade
O Passaporte Mineiro do Conhecimento é a expansão de uma experiência bem-sucedida, que começou na Escola Estadual Sandoval Soares de Azevedo, integrante do complexo da Fundação Helena Antipoff (FHA). Por meio do Projeto Cidadão Global, já foram enviados 27 alunos para intercâmbio no exterior.
“Esse programa é de muito destaque no país. Nenhum estado do Brasil realiza essa imersão de um ano em outro país. O Programa Passaporte Mineiro do Conhecimento abrange todo um universo de transformação dos nossos alunos, passa pela língua, pela transformação da família e pela cultura, entre outros aspectos”, destaca o presidente da Federação Helena Antipoff, Vicente Tarley Ferreira Alves.
Também estudante da E. E. Sandoval de Azevedo, em Ibirité, Marina Santos Sousa acaba de voltar do intercâmbio na África do Sul e avalia positivamente, como benefícios do programa, a oportunidade de conhecer novas culturas e pessoas.
“Tive uma das melhores experiências da minha vida. O intercâmbio me trouxe muita independência e resiliência. Ajuda muito, até com autoconhecimento”, diz Marina.
“A gente aprende a se comunicar melhor, a se entender melhor. Acho maravilhoso oferecer a oportunidade de fazer intercâmbio, principalmente para alunos de escola pública, porque não é muito comum alunos de escola pública irem para o exterior. Ajuda bastante na vida pessoal e na vida acadêmica”, completa a estudante.
Com a expansão para toda a rede estadual de Minas Gerais, a iniciativa ganha nova dimensão e novo nome, “Projeto Passaporte Mineiro do Conhecimento”, que reflete os principais benefícios da proposta: intercâmbio (passaporte), localidade (mineiro) e educação (conhecimento).
Julia Marques foi uma das beneficiadas com o intercâmbio da FHA. Ela, que atualmente estuda Pedagogia na Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), contou para os estudantes presentes a experiência vivida durante o período de intercâmbio na Itália, entre 2021 e 2022.
“Fazer esse intercâmbio mudou a minha vida. Nunca imaginei que eu, uma menina preta e da periferia, poderia estar na Itália, que é um país muito lindo”, conta Julia.
Rumo ao mundo em 2025
O edital com os critérios de participação e etapas de seleção para os jovens interessados na iniciativa está sendo preparado e será divulgado em breve no portal da SEE/MG.
No total, serão oferecidas 90 vagas de intercâmbio de bolsas de estudo para o ano de 2025, sendo 40 vagas destinadas aos estudantes de Ibirité e 50 para unidades do estado.
Com todas as despesas cobertas pelo Governo de Minas, por meio da SEE/MG, a bolsa inclui custos pessoais, passagem aérea, seguro de saúde e custos adicionais relacionados às instituições de ensino internacionais.
Os destinos incluem países da Europa, como Itália, França, Suíça, Alemanha, Finlândia e Bélgica, além da oportunidade de viver e estudar no Japão, Canadá, Estados Unidos e Argentina, entre outros.
Quem pode participar
O público-alvo é formado por estudantes da rede estadual de ensino matriculados no 1º ano do Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI).
A expansão do projeto, inicialmente, funcionará como piloto para atender especialmente 112 escolas do EMTI, abrangendo todo estado.
Para se candidatar, os estudantes não podem ter sido reprovados ao longo do percurso escolar, apresentar média de nota superior a 70% e frequência acima de 90% no ano anterior.
Após a seleção, eles viajarão para o país de destino para cursar o 2º ano do ensino médio, retornando à sua escola estadual de origem no Brasil para completar o 3º ano e finalizar estudos regulares.
Os selecionados neste ano partirão para os países de destino em 2025.
A viagem ocorrerá em dois momentos, no primeiro e no segundo semestre do próximo ano.
Os jovens selecionados também participarão de aulas de conversação básica de inglês e espanhol.
Aluno do segundo ano do ensino médio da E. E. Walt Disney, em BH, Bernardo Augusto Brito Silva acha a oportunidade muito interessante. “Nunca vi nada assim em outra escola que já estudei. Penso em estudar na Alemanha e Itália, adquirir novas experiências e conhecer novas pessoas. Diria que estou preparado para a oportunidade”, planeja.
A ideia do intercâmbio é considerada inovadora para Caroline Almeida Fernandes, também estudante da E. E. Walt Disney, em BH. “A gente não tem essa condição. Então, quando uma chance aparece, dá uma animação na gente. Penso em participar também, tentar intercâmbio no Canadá”, projeta a jovem.
“Espero que possa alcançar muito mais pessoas. Que os alunos estaduais consigam ter essa oportunidade, que está aparecendo e é bastante motivadora”, completa Caroline.
Sobre o projeto
Na Escola Estadual Sandoval Soares de Azevedo, integrante do complexo da FHA, a iniciativa ocorre durante todo o ano letivo, envolvendo estudantes do 1º ano do ensino médio, que participam de palestras e oficinas com temas baseados nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
Além disso, os participantes são encorajados a multiplicar esse conhecimento, realizando atividades de intervenção na escola para promover mais interação e engajamento social com a comunidade escolar.