Dores intensas pelo corpo, mal-estar, dor de cabeça e febre. Esses são sintomas comuns à dengue, à chikungunya e à zika, arboviroses causadas pelo mosquito Aedes aegypti que, juntas, já registraram mais de 234 mil casos em todo o estado de Minas Gerais em 2023 e levaram a óbito 43 pacientes. Desse total, a dengue corresponde a 80,8% dos casos, a chikungunya a 19,2%, e a zika a apenas 0,1%, mas todas exigem diagnósticos e cuidados médicos específicos.
Segundo Daniela Caldas Teixeira, infectologista pediátrica que atua no Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a fase aguda ou febril da dengue e da chikungunya é caracterizada principalmente por febre de início súbito, acompanhada de mal-estar, dores no corpo e dor de cabeça (cefaleia) e, entre 30% a 50% dos casos, estão presentes manchas avermelhadas no corpo. “Na chikungunya, as dores nas articulações são muito características da doença e nos direcionam para o diagnóstico. Em alguns casos, as dores podem preceder a febre”, explica.
Daniela explica também que, no caso da zika, a infecção pode ser assintomática ou sintomática. “Quando sintomática, mais comumente as manifestações são brandas e autolimitadas: febre baixa, lesões de pele avermelhadas e que causam coceira, olhos avermelhados (conjuntivite) e dores de cabeça e no corpo”, adverte.
Porém, a médica alerta que em todos esses casos o paciente deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) ao surgirem os sintomas, para passar por avaliação médica e receber orientações sobre hidratação e analgésicos. “Na dengue, a base principal do tratamento, que pode evitar o agravamento da doença e os óbitos, é a adequada hidratação do paciente”, diz a médica, destacando que é importante começar a consumir água em grande quantidade imediatamente já ao surgimento dos primeiros sintomas.
“Já na chikungunya, o principal é o uso adequado de medicamentos analgésicos, de forma proporcional à dor do paciente, além de repouso. As orientações são semelhantes para zika: repouso, uso de analgésicos e antitérmicos, se necessários, além da hidratação”, completa Daniela.
Sinais de alarme
A infectologista explica que, na dengue, os sinais de alarme e agravamento do quadro costumam ocorrer exatamente na fase em que a febre passa. São eles: dor abdominal intensa, vômitos recorrentes, sensação de desmaio, sangramentos, sonolência ou irritabilidade. “Por isso, o paciente deve ser orientado a retornar imediatamente na presença de sinais de alarme ou no dia da resolução da febre para reavaliação”, ressalta.
Já na chikungunya, a recomendação é retornar ao médico se o uso dos medicamentos prescritos não estiver aliviando a dor. “O paciente deve procurar novamente o atendimento em caso de dores intensas não controladas com as medicações previamente prescritas, persistência da febre por mais de cinco dias, aparecimento de sinais de gravidade ou persistência dos danos articulares”, explica Daniela.
De acordo com a médica, não existem sinais de alarme específicos para a zika. “O maior alerta é voltado para gestantes com casos suspeitos ou confirmados de zika, que devem ser acompanhadas conforme protocolos vigentes para o pré-natal, desenvolvidos pelo Ministério da Saúde”, observa.
Atendimento pelo SUS
A SES-MG orienta que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são a principal porta de entrada para os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) e estão capacitadas para realizar o diagnóstico correto de dengue, chikungunya e zika, oferecer o tratamento dos casos leves e encaminhar o paciente acometido por infecções graves para as Unidades de Pronto Atendimento ou internação hospitalar. Em Minas Gerais, são 4.605 UBS, presentes nos 853 municípios do estado.
“Quando o paciente chega a uma UBS com sintomas de dengue, zika ou chikungunya, por exemplo, deve ser acolhido na recepção e classificado pela enfermagem. Nos casos mais leves, além da hidratação imediata, recebe o atendimento na própria unidade. Já nos de maior gravidade, ele é encaminhado a um serviço mais especializado”, explica Kátia Ramos Pereira, referência técnica da Coordenação de Integração de Vigilância em Saúde e Atenção Primária à Saúde da SES-MG.
Segundo Kátia, as UBS devem ser a primeira opção do paciente, preferencialmente aquela mais próxima de sua residência e com a qual possua vínculo com uma Equipe de Saúde da Família no bairro onde mora. Essa proximidade do paciente com a equipe da UBS facilita o retorno e o tratamento, sobretudo em situações em que o paciente evolui para um quadro crônico e exige cuidados por períodos mais prolongados, como acontece em muitos casos de chikungunya.
“Porém, a depender dos sintomas, ou se eles aparecerem no final de semana ou feriado e a UBS mais próxima não se encontrar aberta, o paciente deve procurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA)”, informa Kátia. “Os pacientes com sinais e sintomas de agravamento, como dor abdominal forte, náuseas (sensação de enjoo), vômitos contínuos e sangramento de mucosas (como boca e nariz), serão encaminhados para os serviços preparados para atendimento de urgência e emergência, que possuem mais equipamentos, insumos e materiais que as UBS”, explica a técnica.
Cenário em Minas Gerais
Até 12/4, Minas Gerais registrou 189.750 casos prováveis (casos notificados exceto os descartados) de dengue em 2023. Desse total, 74.695 casos foram confirmados para a doença. Há 33 óbitos confirmados por dengue no estado e 95 óbitos em investigação.
Em relação à febre chikungunya, foram registrados 45.018 casos prováveis da doença, dos quais 15.969 foram confirmados. Até o momento, foram confirmados dez óbitos por chikungunya em Minas Gerais e 13 estão em investigação.
Quanto ao vírus zika, até o momento foram registrados 202 casos prováveis. Há 19 confirmados para a doença e não houve óbitos este ano em Minas Gerais.
Os dados de dengue, chikungunya e zika são atualizados diariamente e estão disponíveis no Painel Arboviroses.