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quinta-feira, novembro 21, 2024
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    Governo de Minas orienta sobre técnicas para reduzir os efeitos da estiagem no campo

    As mudanças climáticas, com efeitos cada vez mais intensos, demandam ações para garantir a produção agrícola e a preservação dos recursos naturais. O setor agropecuário, em particular, tem se reinventado para assegurar a sustentabilidade no campo e a oferta regular de alimentos para a população. Neste cenário, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) desempenha um papel fundamental, implementando técnicas de convivência com a seca e apoiando os produtores rurais na adaptação a essa nova realidade.

    “Este ano, as alterações se concentraram, principalmente, num aumento de temperatura média e num déficit hídrico. Estamos em um período que, normalmente, não chove, mas os últimos meses foram atípicos, com o solo apresentando um déficit hídrico maior devido ao aumento do calor”, explica o coordenador técnico estadual da Emater-MG, Bernadino Cangussu.

    Segundo ele, a proteção do solo para recarga do lençol freático é essencial para garantir boa produção em locais com estiagens constantes. “O solo é a principal caixa de armazenamento de água que temos na propriedade”, afirma.

    Uma das técnicas incentivadas pela Emater-MG é o uso de plantas de cobertura para melhorar o solo e o sistema de produção. Essas plantas não apenas evitam erosões, mas também buscam nutrientes em camadas mais profundas e aumentam a porosidade do solo, facilitando a infiltração de água.

    Desde 2021, a Emater-MG já implementou cerca de 700 unidades demonstrativas com esse sistema em todo o estado. As plantas de cobertura são cultivadas em consórcio com culturas comerciais, como café, frutas e grãos. A técnica consiste em plantar uma mistura de sementes de diversas espécies, manejando-as entre as linhas de cultivo.

    “As raízes das plantas de cobertura atingem diferentes profundidades, o que favorece a aeração, quebra a compactação do solo e incorpora matéria orgânica em camadas mais baixas, além de criar galerias que facilitam a infiltração de água”, explica Cangussu, coordenador técnico estadual da Emater-MG.

    Ele lembra também que a palhada, que sobra após o corte das plantas de cobertura, protege e ajuda na diminuição da sua temperatura do solo.

    A produtora Christina Ribeiro do Valle, do município de Guaranésia, no Sul de Minas, começou a cultivar plantas de cobertura em um cafezal há quatro anos. Ela usa capim braquiária, girassol, nabo forrageiro e milheto. Após roçadas, estas plantas ficam nas entrelinhas do café, protegendo o solo.

    “Nunca mais deixo de usar plantas de cobertura. Se você colocar um termômetro no solo descoberto com um calor desses, vai marcar uns 40 graus. Com a cobertura, esta temperatura cai muito. Além disso, no período das chuvas, as plantas de cobertura têm evitado as enxurradas que iam até a estrada. Elas retêm a água”, comenta a produtora.

    Barraginhas / Crédito: Emater – Divulgação

    Outra prática disseminada pela Emater-MG é a construção de bacias de captação de água da chuva, conhecidas como ‘barraginhas’. Esses reservatórios, além de prevenir erosões causadas por enxurradas, ajudam a armazenar e infiltrar a água da chuva, recarregando o lençol freático.

    Uma técnica com resultado similar é o terraceamento, popularmente chamado de ‘curva de nível’, geralmente utilizado em áreas com declive. Sua função é reduzir a velocidade das enxurradas durante o período chuvoso, facilitando a infiltração da água. “Quanto mais água armazenada no solo no período das chuvas, mais água disponível durante a estiagem”, alerta o coordenador.

    Além das práticas de conservação do solo, a Emater-MG desenvolve ações contínuas nas propriedades rurais para cercamento de nascentes e recomposição das matas ciliares em rios e córregos.

    Norte de Minas

    A região Norte de Minas tem sido uma das mais castigadas do estado na última década, enfrentando longos períodos de estiagem. Um relatório agroclimático da Emater-MG aponta que, de janeiro a agosto deste ano, cerca de 170 mil famílias de agricultores foram diretamente afetadas pela seca. O estudo na região também identificou o secamento de mais de 300 cursos d’água, incluindo córregos, rios e reservatórios.

    Como parte das ações de convivência e mitigação dos efeitos da seca, a Emater-MG está orientando mais de 50 mil produtores na produção de alimentação energética para o rebanho bovino. Entre as iniciativas, estão o plantio de forrageiras, a confecção de silagem e o incentivo ao cultivo de culturas mais adequadas à região, como sorgo forrageiro, palma, mandioca e cana-de-açúcar. Essas ações abrangem 225 municípios, incluindo os vales do Mucuri e Jequitinhonha.

    Outra medida implementada nesses locais, em parceria com as prefeituras e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), foi a abertura de 8,6 mil bacias de captação de água da chuva e a construção de 257 quilômetros de terraços, nos últimos dois anos. Mais de 2 mil hectares ocupados com área de pastagem e de cultura foram conservados com as ‘curvas de nível’.

    “Estimamos que esse conjunto de ações vai proporcionar a retenção e infiltração de mais de 12 milhões de metros cúbicos de água por ano”, afirma o gerente regional da Emater-MG em Montes Claros, José Arcanjo Pereira.

    Ele lembra que a Emater-MG da região também apoia os produtores na obtenção de crédito rural emergencial, na orientação técnica em projetos de abastecimento de água e nas negociações com instituições financeiras.

    Em janeiro de 2024, a empresa também realizou a doação de sementes de feijão para agricultores familiares afetados pela forte estiagem do ano anterior. Mais de 12 mil famílias foram beneficiadas, principalmente das regiões Norte, Noroeste e dos vales do Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce. Cada família recebeu dez quilos de sementes.

    Balanço das queimadas

    A seca prolongada, aliada ao aumento das temperaturas este ano, foi um ambiente propício para o grande número de focos de queimadas em todo o país. Um levantamento feito pela Emater-MG mostra que, de julho a setembro, o fogo atingiu 110 mil hectares de pastagens em Minas Gerais. A área representa 0,5% do total do estado ocupado com pastos.

    Em relação à cana-de-açúcar, foram 50,8 mil hectares atingidos, o equivalente a 5,97% do total da cultura em Minas. O estudo mostra ainda que o fogo foi registrado em 2,1 mil hectares de café (0,26% do total) e 467 hectares de fruticultura (0,55% da área ocupada).

    Já as áreas de florestas plantadas registaram 16,8 mil hectares com queimadas, o equivalente a 0,89% do total. O levantamento foi feito em 687 municípios, sendo que 447 (65,1%) registraram algum prejuízo nas atividades agropecuárias causado pelo fogo.

    A Emater-MG lançou uma cartilha orientando os produtores rurais sobre os riscos das queimadas. O material alerta que o uso do fogo para qualquer tipo de manejo na propriedade só pode ser feito com a autorização de órgãos competentes. O material está disponível para consulta gratuita na Livraria Virtual, no site da empresa.



    Sobre Ana Paula Oliveira
    Jornalista formada em Brasília tendo a Capital Federal como principal cenário de atuação nos segmentos de revista, internet, jornalismo impresso e assessoria de imprensa. Infraero, Engenho Comunicação, Portal Fato Online e Câmara em Pauta, Revista BNC, Assessoria de Comunicação do Sesc-DF, Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Rádio Nacional da Amazônia e Jornal GuaráHOJE/Cidades são algumas das empresas nas quais teve a oportunidade de trabalhar com alguns dos renomados nomes do jornalismo no Brasil, e não perdeu nenhuma chance de aprender com esses profissionais. Na televisão, atuou na TV local de Patos de Minas em 2017, além de experiências acadêmicas.
    Ana Paula Oliveira nasceu em Bonfinópolis de Minas e foi morar em Brasília aos 14 anos e retorna à cidade natal em 2018. Durante os 20 anos em que passou na capital, a bonfinopolitana não desperdiçou as chances de crescer como pessoa e também como profissional, com garra e determinação. Além disso, conquistou algo não menos fundamental na sua caminhada: amigos. Isso mesmo. Para a jornalista não ter verdadeiros amigos significa ter uma vida vazia. E, com certeza, esse é um dos seus objetivos, fazer novos amigos nessa nova jornada da vida..

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