A comissão que vai elaborar o plano para episódios críticos de poluição do ar no Distrito Federal foi oficialmente instituída na tarde desta segunda-feira (26) com a publicação do Decreto nº 46.182 na edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). A constituição do grupo havia sido anunciada nesta manhã após uma reunião do governador Ibaneis Rocha com autoridades do GDF em decorrência da cortina de fumaça vinda de outros estados que se concentrou no céu da capital federal desde domingo (25).
Composto por 17 órgãos do GDF e sob coordenação do Instituto Brasília Ambiental, o grupo terá como responsabilidade propor ações de ampliação e modernização da rede de monitoramento da qualidade de ar do DF. A comissão terá um prazo de 90 dias para a elaboração das propostas.
O objetivo é deixar a cidade preparada caso aconteça novamente uma situação semelhante. Essa foi a primeira vez que Brasília enfrentou a forte redução do Índice de Qualidade do Ar (IQAr), que chegou a ser classificado de ruim a péssimo para material particulado (poeira, fumaça ou fuligem).
Integram a comissão os seguintes órgãos, além do Brasília Ambiental: Casa Civil (Caci-DF), Secretaria de Governo (Segov), Secretaria de Meio Ambiente e Proteção Animal (Sema), Secretaria de Segurança Pública (SSP), Secretaria de Saúde (SES), Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri), Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal), Secretaria de Comunicação (Secom), Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), Secretaria de Economia (SEEC), Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb), Departamento de Trânsito (Detran) e Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
Redução dos poluentes
O Índice de Qualidade do Ar do DF apresentou melhora nesta segunda-feira. Segundo a medição colhida às 15h desta tarde na Estação de Monitoramento da Qualidade de Ar do Brasília Ambiental, na Fercal, a concentração de poluentes teve uma redução significativa. Com o monitoramento da qualidade do ar, o GDF decidiu manter as aulas nas escolas públicas.
Na noite de domingo, o registro foi considerado péssimo, com 168,6 microgramas/m3 e de 226,5 microgramas/m3. Enquanto esta tarde, o índice caiu para 31,04 microgramas/m3 e de 62,98 microgramas/m3. O número ainda é considerado ruim na classificação por levar em consideração as médias da concentração nas últimas 24 horas. No entanto, demonstra a tendência de diminuição dos poluentes presentes no ar.
Segundo informado pelo meteorologista Carlos Henrique Rocha, do Brasília Ambiental, a previsão é que a cortina de fumaça permaneça no DF até terça-feira. “A previsão é que quarta [28] ou quinta [29] isso se normalize. Tivemos uma noite complicada, com a qualidade do ar péssima, e hoje estamos na classificação ruim, então houve uma melhora”. De acordo com o especialista, não há previsão de chuva para os próximos dias.
A exposição a esses níveis de poluição pode causar sintomas graves, como tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta, além de falta de ar e respiração ofegante. Esses efeitos podem ser ainda mais severos em crianças, idosos e pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares.
Conscientização
Apesar dos poluentes no ar do DF não terem relação com os incêndios florestais registrados na capital federal, o GDF pede à população que não faça nenhum tipo de queimada e que informe o Corpo de Bombeiros quando um foco de incêndio seja identificado pelo 193.
Além do monitoramento 24 horas realizado por inteligência artificial, que detecta precocemente fogo ativo ou fumaça, o DF dispõe, por meio da Operação Verde Vivo, de 500 bombeiros, 27 caminhonetes, 24 caminhões-tanque, 22 caminhões de transporte da tropa, dois aviões e dois helicópteros para o combate aos incêndios florestais. Entre maio e julho deste ano, a operação já contabilizou 3.368 ocorrências desta natureza.
Em abril deste ano, o governo decretou estado de emergência ambiental no DF para o período de junho a novembro. A publicação da norma possibilitou a preparação dos órgãos que compõem o Sistema Distrital de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais que executa o Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Distrito Federal (Ppcif) para otimizar recursos humanos e materiais em relação às queimadas.