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quinta-feira, julho 4, 2024
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    Saúde lança campanha contra o uso do cigarro eletrônico

    Novos produtos, velhos problemas. Na semana do Dia Mundial sem Tabaco, celebrado em 31/5, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) lançou a campanha “O Uso do Cigarro Eletrônico”, para alertar a população e estimular os serviços de saúde a ofertarem ações de prevenção da iniciação e da experimentação do uso de novas formas de consumo de tabaco, como o cigarro eletrônico, também conhecido como “vape”.

    Apesar de a comercialização, importação e propaganda serem proibidas no Brasil desde 2009 pela Resolução nº 46 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), esses produtos são vendidos ilegalmente pela internet, no comércio formal e informal ou, ainda, podem ser adquiridos no exterior para uso pessoal.

    De acordo com Nayara Resende Pena, da Coordenação de Programas de Promoção da Saúde e Controle do Tabagismo da SES-MG, embora seja proibido no Brasil, o cigarro eletrônico tem sido consumido em Minas Gerais, especialmente entre jovens. “O foco da nossa campanha é divulgar amplamente os riscos relacionados ao uso desse produto e promover ações relativas à prevenção da iniciação ao tabagismo, principalmente no entorno das escolas”, explica. Ela aponta que, em Belo Horizonte, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense) de 2019, 15% dos escolares fumaram pela primeira vez com 13 anos ou menos.

    Como parte das ações da SES-MG na campanha de conscientização do uso do cigarro eletrônico realizadas ao longo desta semana, a Coordenação de Programas de Promoção da Saúde e Controle do Tabagismo da SES-MG se reuniu na tarde da segunda-feira (22/5), com representantes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Instituto Nacional de Câncer (Inca), da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte e do setor varejista para falar sobre a legislação e regulamentação de produtos de tabaco.

    Segundo Nayara, um dos pontos abordados na campanha é sensibilizar os comerciantes em relação às normas para comércio desses produtos, como a proibição de venda para menores, a proibição de comercialização do cigarro eletrônico no país e a obrigatoriedade de constar as advertências da Anvisa nos produtos de tabaco, dentre outras medidas regulatórias.

    Já nesta terça e quarta-feira (23 e 24/5), a SES-MG e entidades parceiras ministram curso de capacitação sobre legislação e fiscalização em controle do tabaco para profissionais das vigilâncias sanitárias de Minas Gerais, para que possam fazer a fiscalização desses produtos a fim de conter o espalhamento e prevenir o interesse dos jovens.

    Complementando a programação, o Inca e a Vigilância Sanitária de Belo Horizonte farão, em 25 e 26/5, uma pesquisa sobre os pontos de venda de produtos de tabaco no entorno de uma escola estadual na região Centro-Sul da capital.

    Ações

    Felipe Mendes, técnico do Programa Nacional de Controle ao Tabagismo, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), explica que, ao longo de 30 anos, o Ministério da Saúde adotou diversas políticas de controle do tabaco, como proibição de fumar em recintos coletivos, como bares, restaurantes, teatros e shopping centers; proibição de publicidade em meios de comunicação; e adoção de advertências sanitárias nos maços de cigarros, com imagens que comunicam as doenças. “Essas ações em conjunto, reduziram consideravelmente o número de fumantes no país. Em 1989, a Pesquisa Nacional de Saúde apontou uma prevalência de fumantes em 34% da população. Na de 2019, o registro foi de 12%, tornando o Brasil uma referência no tema”, informa Mendes.

    O técnico pontua, todavia, que a indústria está sempre buscando captar novos consumidores, e o cigarro eletrônico possui um apelo muito grande entre os jovens por ser um produto tecnológico e apresentar diversos sabores. “Um desafio importante que temos é conter a venda desses produtos e o interesse por eles, pois, embora seja proibido no Brasil, é muito fácil de encontrar”, salienta Mendes.

    Segundo Larissa Rego, especialista em Regulação da Gerência Geral de Controle, Registro e Fiscalização de Produtos Fumígenos da Anvisa, principalmente para o público jovem, o cigarro eletrônico causa uma falsa impressão de que é menos danoso à saúde, o que não é verdade. Ela aponta os desafios para combater a importação e distribuição do produto no Brasil. “Intensificamos bastante nosso trabalho de fiscalização, principalmente na internet, o que é um grande desafio, pois muitas vezes os sites estão hospedados fora do país, dificultando encontrarmos o autor. Nesse sentido, temos ampliado a varredura para localizar os sites que fazem a venda desses produtos. Além disso, reforçamos a comunicação e parceria com as plataformas de e-commerce e redes sociais, no intuito de tirar do ar as páginas que fazem propaganda ou exposição à venda de cigarros eletrônicos”, relata.

    A especialista explica ainda que esse não é um trabalho exclusivo da Anvisa e, portanto, é realizado em parceria com diversos órgãos. “O produto é objeto de contrabando, então envolve outras esferas como a Receita Federal, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. O que precisamos fazer é coibir a entrada do produto e o maior desafio é conhecer quem são os importadores para derrubar as cadeias de distribuição no Brasil”, conclui.

    O presidente do Sindicato e Associação Panificação e Confeitaria de Minas Gerais (Amipão), Winicius Segantine Dantas, destaca o compromisso da entidade com a disseminação de informações e cumprimento da legislação. “Sabemos que a venda do tabaco gera fluxo dentro das lojas, mas temos uma grande preocupação em manter a saúde dos nossos clientes e não queremos continuar sendo a porta de entrada dos jovens a esses produtos”, afirma. “Vamos ampliar nossos esforços para instruir os estabelecimentos do segmento sobre a legislação e especificamente alertar sobre o cigarro eletrônico, cuja comercialização é proibida, a fim de evitar que a nova juventude venha a ser consumidora de produtos tão nocivos à saúde”, conclui.

    Malefícios

    O tabagismo é reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência da nicotina presente nos produtos à base de tabaco e está inserido na Classificação Internacional de Doenças (CID10) da Organização Mundial da Saúde (OMS).

    O tabagismo ativo e a exposição passiva à fumaça do tabaco estão relacionados ao desenvolvimento de aproximadamente 50 enfermidades, dentre as quais vários tipos de câncer, doenças do aparelho respiratório (enfisema pulmonar, bronquite crônica, asma, infecções respiratórias) e doenças cardiovasculares (angina, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, aneurismas, acidente vascular cerebral, tromboses). Há ainda outras doenças relacionadas ao tabagismo: úlcera do aparelho digestivo; osteoporose; catarata; patologias buco-dentais; impotência sexual no homem; infertilidade na mulher; menopausa precoce e complicações na gravidez.

    Em 2019, uma nova enfermidade foi descrita pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), a Evali, doença pulmonar grave associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping.

    Tratamento

    Em Minas Gerais, 407 municípios ofertaram, nos últimos 12 meses, tratamento a pessoas tabagistas na Atenção Primária à Saúde. O usuário que demonstre interesse em parar de fumar deve entrar em contato com a Secretaria de Saúde do município para verificar os locais que realizam o atendimento.

    Além disso, 747 municípios promoveram, no último ano, ações educativas e de mobilização social para a população com a temática de dependência química, tabaco, álcool e outras drogas.



    Sobre Ana Paula Oliveira
    Jornalista formada em Brasília tendo a Capital Federal como principal cenário de atuação nos segmentos de revista, internet, jornalismo impresso e assessoria de imprensa. Infraero, Engenho Comunicação, Portal Fato Online e Câmara em Pauta, Revista BNC, Assessoria de Comunicação do Sesc-DF, Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Rádio Nacional da Amazônia e Jornal GuaráHOJE/Cidades são algumas das empresas nas quais teve a oportunidade de trabalhar com alguns dos renomados nomes do jornalismo no Brasil, e não perdeu nenhuma chance de aprender com esses profissionais. Na televisão, atuou na TV local de Patos de Minas em 2017, além de experiências acadêmicas.
    Ana Paula Oliveira nasceu em Bonfinópolis de Minas e foi morar em Brasília aos 14 anos e retorna à cidade natal em 2018. Durante os 20 anos em que passou na capital, a bonfinopolitana não desperdiçou as chances de crescer como pessoa e também como profissional, com garra e determinação. Além disso, conquistou algo não menos fundamental na sua caminhada: amigos. Isso mesmo. Para a jornalista não ter verdadeiros amigos significa ter uma vida vazia. E, com certeza, esse é um dos seus objetivos, fazer novos amigos nessa nova jornada da vida..

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